domingo, 12 de outubro de 2008

Graças a Deus!

Quando nos curamos de uma doença grave, ou quando tudo corre bem, afirmam "É graças a Deus".E quando não nos curamos, ou tudo corre mal, é graças a quem?
Ousam dizer que "Há males que vêm para o bem", e fazem certas analogias como "Um pai não tem de punir o filho para que aprenda? O mesmo faz Deus conosco!".Mas é quando essa punição é fatal, ou irreversível, ou nada me traz de aprendizado? Quando estou dirigindo tranquilamente por uma estrada, e um caminhão desgovernado destrói meu carro, juntamente comigo, me proporcionando uma morte terrível, exatamente o que eu aprendi (ou deveria ter aprendido?) Ou quando tomo um tiro de uma bala perdida e fico entrevado numa cama, tetraplégico, pro resto da vida, o que supostamente Deus queria me ensinar? Que eu não devo andar pelas ruas? Que eu devo me trancar em meu quarto e evitar contato com esse mundo violento?
E quando nasço de uma família extremamente pobre, e sou obrigado, quando criança, a cavucar nos lixões para achar 'comida'? O que será que Deus está tentando me ensinar? Sim, porque isso certamente tem de ser um castigo, já que eu não consigo ver o lado bom de se ter que catar comida no lixo, por mais que tente (acredito que nem o mais ferrenho dos otimistas conseguiria dizer o lado bom disso).Ou quando nasço com uma deficiência mental, ou até mesmo física, e sou obrigado a assistir crianças pequenas correndo serelepe pra lá e pra cá, aproveitando sua energia da infância, enquanto necessito ficar sentado na minha cadeira de rodas, porque minhas pernas não respondem?
Se temos livre-arbítrio, deveriam todos ter chances iguais para poder, a partir dessas chances, decidir o que fazer.Mas se eu já nasço com uma deficiência física que me impedirá de ser um jogador de basquete, por exemplo, meu grande sonho de infância, onde está exatamente a o livre-arbítrio? Não foi Deus quem decidiu que eu nasceria assim? Ou será que fui eu próprio, antes de nascer, que escolhi ter essa vida? Parece-me tolice pensar dessa maneira.Se Deus já escolhe como nascerei antes mesmo de nascer, então o livre-arbítrio encerra-se aí.Não é possível conciliar liberdade com essa idéia.Alguns cristãos afirmam que desafortunados são, na verdade, mais afortunados que os saudáveis, pois 'Deus tem um plano especial para eles'.Novamente, a liberdade ferra-se, pois não fui eu que escolhi esse plano, foi Deus quem o escolheu pra mim.Se me perguntassem 'Você prefere ser rico, morar no conforto e ter o que quiser comer, com bastante fartura, ou prefere ficar com o plano especial de Deus, onde você nasce pobre, tendo que pedir esmolas pra se alimentar, e dormir na rua passando frio, mas ganha um desconto de 90% na quantidade de boas ações que deveria fazer pra ir para o céu?', eu mandaria Deus enfiar o plano dele lá naquele lugar (se é que a divina santidade tem aquele lugar, mas como somos sua imagem e semelhança, então é provável que tenha.Eu só fico a me perguntar que serventia tem isso pra ele).

E para os que acreditam que desgraças só acontecem com infiéis, por favor, www.google.com.br , e boa pesquisa.
O post me parece meio incompleto, num momento mais oportúnuo, incluo mais incongruências divinas (ou seriam incongruências bem humanas?)

Louvemos ao todo poderoso, protetor dos ricos e bem afortunados!

Ps.: O post foi mais direcionado aos cristãos, mas acredito que se encaixa bem para qualquer deus que se julgue justo e milagreiro.

Um comentário:

Thiago disse...

uhmmm... então chegamos ao problema do mal. questão difícil essa e, por isso mesmo, bem interessante. mas me diga você, como homem da ciência que é: podemos falar de maldade na natureza? objetivamente falando, existe isso de bem e mal enquanto condições intrínsecas às estruturas da realidade? estou curioso...

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