sábado, 4 de outubro de 2008

Razões para um deus - Explicativas

Acredito existirem duas razões básicas para devotar crença em um deus, e são elas a capacidade explicativa que uma entidade divina tem sobre o mundo natural e a capacidade reconfortante que a idéia de um deus pode exercer sobre a psiquê de um indivíduo.Caso existam outras razões, provavelmente são derivações desses dois motivos básicos.

Primeiramente, introduzo minha linha de raciocínio sobre a razão explicativa.O homem, ser pensante, se encontra diante de uma realidade, e tendo noção de sua existência dentro dessa realidade, tenta descrevê-la, entendê-la, conceituá-la.Os motivos para tal investida intelectual não se fazem importantes, tanto pode ser como tentativa para dominar essa realidade ou pura curiosidade.A questão principal é que o homem tenta descrever essa realidade, com os recursos que forem acessíveis.Podemos entender melhor essa questão lendo um livro sobre mitologia.Como minha preferida é a grega, utilizo-a como exemplo.Diante da realidade, os gregos, ainda sem conhecimento científico como o conhecemos, descreviam o que viam, o que sentiam, o que lhes era habitual, através de divindades específicas.os poetas eram os responsáveis por alcançar o patamar divino e de lá trazer as explicações para o mundo natural, através das Musas, que eram as divindades que 'sopravam' estas explicações para os poetas e poetisas.Os gregos descreviam sua realidade personificando as causas, os eventos, em divindades.O movimento habitual do Sol no céu era a carruagem do deus Apolo, responsável por carregar consigo o Sol de um extremo ao outro do céu.Os terremotos e erupções vulcânicas eram a ira de Poseidôn (Netuno), senhor dos mares e dos abalos sísmicos.Até mesmo o tempo tinha uma personificação, Cronos (Saturno).Natural esperar que as representações dessas divindades eram em formas humanas, podendo o deus se metamorfozear.
Não era possível aos gregos, séculos antes de Cristo, saber que os abalos sísmicos eram resultante do movimento das placas tectônicas, ou que os trovões não eram raios de Zeus (Júpiter), e sim nuvens carregadas eletricamente colidindo umas com as outras, ionizando o ar a sua volta e gerando o estrondo característico.O recurso que tinham a disposição era apenas a imaginação, o poder de filosofar e criar mitos para explicar o mundo natural.
Esta é, portanto, a primeira das razões que julgo existirem para conceber um deus : explicação.A vida é cheia de mistérios, o Universo idem, nada mais humano que tentar desvendá-los para poder entendê-los.Perceba que cada deus sempre carrega consigo uma carga de efeitos atribuídos a si.Um deus que não serve para explicar nada é um deus inútil.Para os ignorantes em relação a Teoria da Evolução (ou simplesmente para os que não querem aceitá-la por irem contra a idéia do deus criador), a vida é obra resultante da divindade a quem rogam culto.Para explicar um evento aparentemente sem explicação racional, recorrem a deus.O que, muitas das vezes, beira ao ridículo absoluto, como os 'mistérios' dos santos em janelas ou das formigas escrivãs.

Concuindo, portanto, todos têm necessidade de definições.Todos necessitam viver num mundo onde as coisas estão definidas, onde a causa de efeitos é conhecida.Uns admitem não saber a explicação de alguma coisa, e humildemente pesquisam para descobrir.Outros, apavoram-se por não saber a explicação de um determinado evento e rapidamente 'culpam' o sobrenatural.Já debati com um teísta que julgou que minha resposta 'Não sei' para a sua pergunta 'Como o Universo surgiu' era 'preguiça intelectual' da minha parte.Certamente, a resposta dele 'Foi Deus', não demonstra absolutamente preguiça intelectual nenhuma.Talvez falta total de intelectualidade.

Deus se faz necessário, para alguns, para explicar certos aspectos da realidade.Na minha humilde opinião, atribuir explicações a uma divindade é de um primitivismo incomparável.Não menosprezando os que isso fazem, muito menos fazendo pouco dos fabulosos mitos de diversas civilizações, até porque recursos melhores para esquadrinhar a realidade lhe eram ausentes.Deuses nada explicam.Atribuir a existência da vida, ou do Universo, a um deus, é explicar exatamente o que? Como 'Foi Deus' pode ser a explicação de alguma coisa? Como podem existir pessoas que se contentam com esse tipo de resposta? Longe de mim querer impor um necessidade profunda de querer saber das coisas nas pessoas, mas é realmente difícil compreender.

No próximo post, viso argumentar acerca da segunda razão que faz deus ser necessário para alguns, a razão emocional.E, antes, ou após, posto sobre as três categorias principais a que enquadro os deuses existentes, no âmbito explicativo, isto é, como podemos juntar os deuses em três categorias, utilizando como seletor, os mistérios que estas divindades visam explicar.

2 comentários:

Thiago disse...

esse post me lembrou pascal:

"A ciência das coisas exteriores não me consolará da ignorância da moral, em tempo de aflição: mas a ciência dos costumes me consolará sempre da ignorância das ciências exteriores."

essa capacidade de pascal para conciliar sua natureza profundamente especulativa com sua intensa vocação espiritual (escreveu desde um tratado sobre as cônicas até um opúsculo místico) era mesmo genial, não?

banjolamotta disse...

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